Mulheres reais - moda + modos no Rio de Dom João VI
Quem curte roupa e gosta de viajar pela história do vestuário não pode perder a excelente exposição "Mulheres reais - moda+modos no Rio de Dom João VI", que acontece até o dia 22 de novembro no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
A mostra, que fala sobre as mulheres reais - tanto as da realeza portuguesa ( D. Maria, D. Carlota Joaquina e D. Leopoldina) quanto as da realidade brasileira, brancas e negras - é constituída de figurinos que foram confeccionados para dar corpo a trajes que não existem mais, somados a trajes e acessórios do Museu Nacional do Traje, de Lisboa, e a jóias do Museu Carlos Costa Pinto, de Salvador.
As mulheres negras são mostradas sob um novo ângulo, que não é o do escravidão, mas sim de suas roupas e corpos exibindo a riqueza da cultura africana, que passou a integrar a nossa própria cultura.
A exposição evidencia o encontro de duas realidades distintas: a européia e a colonial do nosso país naquela época. Tudo começou após a chegada da família real em março de 1808, que fugia da invasão napoleônica em Portugal e, ao se instalar aqui, causou transformações em vários aspectos - urbano, arquitetônico, cultural e artístico - na vida da cidade e nos habitantes do Rio de Janeiro, que passa a ser a sede do império português. Assim foram surgindo novas modas e novos modos.
O mais legal dessa mostra é a abordagem diferente, que não trata de datas históricas ou de política, mas sim da riqueza dos vestidos da realeza, do brilho das jóias, da forma com que as mulheres brancas se vestiam para ir à missa (cobertas com mantilhas escuras) e do colorido das roupas das mulheres negras. Assim, podemos imaginar como era o mundo feminino naquela época.
Na fotos logo abaixo, a moda de D. Carlota na infância, no império e em traje de montaria. As fotos não ficaram tão boas porque só era permitido fotografar sem flash.

Traje com armação lateral da anágua - os chamados paniers, cujo nome se deve à semelhança com cestos de pão.

Adulta, a princesa adere à nova estética da época, com roupa sem armação rija. O novo estilo foi difundido na França por Josefina Bonaparte e, apesar de considerar Napoleão o maior inimigo de sua família, Carlota se rende ao novo figurino: vestido solto com cintura alta, tecido pesado e luxuoso. No pescoço, a foto do marido D. João.

Nessa foto, o riding coat, um casaco de equitação usado como traje de amazona. A equitação foi o primeiro esporte adotado pelas mulheres da aristocracia e fazia parte da "boa educação".








A mostra, que fala sobre as mulheres reais - tanto as da realeza portuguesa ( D. Maria, D. Carlota Joaquina e D. Leopoldina) quanto as da realidade brasileira, brancas e negras - é constituída de figurinos que foram confeccionados para dar corpo a trajes que não existem mais, somados a trajes e acessórios do Museu Nacional do Traje, de Lisboa, e a jóias do Museu Carlos Costa Pinto, de Salvador.
As mulheres negras são mostradas sob um novo ângulo, que não é o do escravidão, mas sim de suas roupas e corpos exibindo a riqueza da cultura africana, que passou a integrar a nossa própria cultura.
A exposição evidencia o encontro de duas realidades distintas: a européia e a colonial do nosso país naquela época. Tudo começou após a chegada da família real em março de 1808, que fugia da invasão napoleônica em Portugal e, ao se instalar aqui, causou transformações em vários aspectos - urbano, arquitetônico, cultural e artístico - na vida da cidade e nos habitantes do Rio de Janeiro, que passa a ser a sede do império português. Assim foram surgindo novas modas e novos modos.
O mais legal dessa mostra é a abordagem diferente, que não trata de datas históricas ou de política, mas sim da riqueza dos vestidos da realeza, do brilho das jóias, da forma com que as mulheres brancas se vestiam para ir à missa (cobertas com mantilhas escuras) e do colorido das roupas das mulheres negras. Assim, podemos imaginar como era o mundo feminino naquela época.
Na fotos logo abaixo, a moda de D. Carlota na infância, no império e em traje de montaria. As fotos não ficaram tão boas porque só era permitido fotografar sem flash.
Traje com armação lateral da anágua - os chamados paniers, cujo nome se deve à semelhança com cestos de pão.
Adulta, a princesa adere à nova estética da época, com roupa sem armação rija. O novo estilo foi difundido na França por Josefina Bonaparte e, apesar de considerar Napoleão o maior inimigo de sua família, Carlota se rende ao novo figurino: vestido solto com cintura alta, tecido pesado e luxuoso. No pescoço, a foto do marido D. João.
Nessa foto, o riding coat, um casaco de equitação usado como traje de amazona. A equitação foi o primeiro esporte adotado pelas mulheres da aristocracia e fazia parte da "boa educação".
Os trajes de D.Maria com as famosas anquinhas (paniers), que ocupavam o espaço de três ou quatro pessoas, o que obrigava as mulheres a ficarem desviando das coisas o tempo todo. Mesmo após a queda do absolutismo na França, a rainha se manteve fiel à moda monárquica para mostrar que Portugal conservava a velha ordem.
A morte do filho mais velho, herdeiro do trono, e de sua filha, fizeram a rainha vestir-se de luto um ano antes. Depois, com a Revolução Francesa chacoalhando o seu mundo, ela começa a enveredar pela loucura.
Na moda de D. Leopoldina, a simplicidade passa a ser importante e a inspiração vem da Antiguidade Clássica, nos trajes da Idade Média e Renascença.
Detalhes do colar ( com a imagem de D. Pedro) e da coroa.
Peças do Museu Nacional do Traje de Lisboa:



A chegada da Corte aumenta em 10 mil a população de quase 50 mil habitantes do Rio de Janeiro, que era uma cidade pequena, com ruas estreitas, sujas e sem iluminação.
Um detalhe: a mulher na foto é de fato uma pessoa que estava bordando, dentro da exposição.



Enquanto quase todas as mulheres negras andavam descalças, as mucamas de casa podiam sair às ruas de sapato, o que indicava o caratér doméstico de sua função e o grau de distinção da família do seu senhor. As mulheres brancas passam a vestir as mucamas com luxo, para fazer delas um espelho de seu status.

D. Carlota Joaquina: a roupa que fala e grita.
A chegada da Corte aumenta em 10 mil a população de quase 50 mil habitantes do Rio de Janeiro, que era uma cidade pequena, com ruas estreitas, sujas e sem iluminação.
A arquitetura das casa tinha como característica o muxarabi - uma estrutura de madeira que revestia as fachadas e protegia a privacidade das mulheres da casa. Em casa, elas podiam se vestir com simplicidade, com camisolões frescos e largos, e costumavam passar o dia sentadas em esteiras no chão ,com as pernas cruzadas, onde bordavam.
Ao sair de casa - nunca sozinhas e quase sempre para irem à missa -, as esposas e filhas de senhores brancos cobriam-se da cabeça aos pés com uma mantilha pesada e escura ( não fotografei porque estava muito escuro e o flash não podia ser usado). Assim como os muxarabis, as mantilhas permitiam que elas vissem sem serem vistas.
O muxarabi foi proibido por um decreto de D. João, que obrigava a substitui-lo por janelas de vidro, o que trouxe claridade aos lares. A rotina dos habitantes começou a ser alterada: passaram a frequentar as ruas, as festas e as mulheres começaram a ter vida social. A moda vestida pelas européias passou a influenciar as mulheres daqui, que abandonaram a mantilha.
Surgiu o gosto pela elegância e por hábitos novos, como o uso de talheres e sentar-se à mesa para as refeições.
Jóias: balangandãs do séc. XIX.
Corrente e crucifixo em ouro, séc. XVIII.
As únicas mulheres vistas do lado de fora eram as escravas, vestidas em trajes simples de algodão tingido de azul (o corante mais barato na época).Como as roupas que recebiam eram usadas, tinham que adaptá-las ao seu tamanho, amarrando pontas, arregaçando blusas e subindo a barra das saias, para facilitar a liberdade de movimento que o trabalho delas exigia.
As mulheres negras eram originais para se vestir e sua roupa era para enfeitar ou proteger; não para esconder.
Enquanto quase todas as mulheres negras andavam descalças, as mucamas de casa podiam sair às ruas de sapato, o que indicava o caratér doméstico de sua função e o grau de distinção da família do seu senhor. As mulheres brancas passam a vestir as mucamas com luxo, para fazer delas um espelho de seu status.
Com o crescimento da população e do comércio, surge a escrava de ganho, que vendia produtos pelas ruas ( doces, pão de ló, angu e outros) e ganhava o dinheiro que tinha que dar ao seu senhor, para ter direito de trabalhar. Dessa forma, algumas conseguiam comprar a alforria.
De turbantes, saias de algodão cru, xales europeus e panos da África, elas coloriam as ruas. Penduravam amuletos na cintura: figas contra o azar, moedas para atrair dinheiro, dentes como proteção contra inimigos e miniaturas de produtos que vendiam para trazer prosperidade.
A última parte da exposição é de criações de estilistas mineiros como Ronaldo Fraga, Graça Ottoni e Victor Dzenk, entre outros.
Graça Ottoni, Coven e Patrícia Motta


Para quem quiser visitar a exposição, essa é a última semana. A entrada é franca e você pode adquirir duas publicações ao preço de R$1,00 cada - uma pequena, resumida, e outra maior, mais detalhada, de onde eu tirei essas informações para transmitir a vocês aqui no blog.
Parabéns a todos os envolvidos nesse projeto tão interessante!
Nossa que post super hein...fiquei maravilhada com tanta beleza....
ResponderExcluirAdoro História da Indumentária....
ResponderExcluirfico viajando no figurino......
bjus querida!
Sensacional!!!! amei o post! parabéns pelo trabalho!!
ResponderExcluirsuper beijo!!
Uaaaau...adorei...quase fui p/ BH no feriado...que pena que vou perder...
ResponderExcluirObrigada por visitar meu blog tá...amei o seu e ja sou seguidora...
bjooos
Que Lindo! Só agora pude ver pela internet, pesquisando a moda da Corte para um trabalho de escola do meu filho. Pena ter perdido!
ResponderExcluiradorei o que compete aos balangandãs, repletos de fé, cuidado e proteção!
ResponderExcluir